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sábado, 18 de maio de 2013

A LASTIMÁVEL PRECARIEDADE DA UNIVERSIDADE BRASILEIRA

Foto: Prof. Dr. Valter Machado da Fonseca       Fonte: arquivo pessoal
Prof. Dr. Valter Machado da Fonseca*
Há pouco tempo atrás, tive a oportunidade de ver no programa “RODA VIVA”, um pronunciamento do ilustre Prof. Chico de Oliveira, da Universidade de São Paulo (USP), acerca das atuais condições da Universidade Pública Brasileira. Na ocasião, ele fez um desabafo e, ao mesmo tempo, expressou uma grande verdade que vai à contramão daqueles que idolatram a política educacional vigente em nosso país. Ele firmou que a nossa universidade pública está se transformando em autênticos colégios, em virtude do democratismo que povoa as mentes de nossos governantes, que veem na universidade brasileira um mero canal de inserção de jovens no mercado de trabalho.
Na referida entrevista coletiva, ele afirma que a função histórica da universidade, desde sua origem, é pensar a ciência, o país, o mundo e esta não é uma tarefa para qualquer um. Infelizmente, nem todos são dotados das condições intelectuais e/ou mesmo, por diversas razões, não possuem vocação para tal. Para ele o mercado de trabalho deve se municiar de profissionais que sejam capacitados pelos cursos técnicos e/ou tecnológicos dos institutos tecnológicos já existentes, os quais devem ser mais bem aparelhados e capacitados para exercer esta função.      
Na verdade, o Prof. Chico de Oliveira, do alto de sua extrema sabedoria, está coberto de razão. Assistimos principalmente a partir do governo Lula, à emergência de uma política educacional que, em nome de uma democracia escamoteada (democratismo) vem inchando as nossas universidades, sucateando-as e comprometendo, até as ultimas consequências, sua já precária qualidade. Temos observado, a olhos nus, a ocorrência de diversos concursos públicos manipulados para atender a interesses particulares e/ou de grupos de pesquisas. Ao lado destas falsificações dos concursos, outros fatos saltam aos olhos de todos: invocando novamente o democratismo ampliam-se, indefinidamente, o número de vagas para ingressantes nas universidades, ocasionando a existência de salas de aulas superlotadas, com 50, 60, até 100 alunos. É impossível se falar de qualidade de ensino diante desta realidade, que somente poderá vir daqueles que nada entendem de educação.
Por outro lado, vemos as universidades brasileiras manipulando suas pesquisas e formatando-as de acordo com os interesses dos mega-grupos econômicos, dirigidos pelas empresas inter/multi/transnacionais. Enquanto isso, o outro sustentáculo do tripé básico que deveria nortear a universidade, a extensão, é deixado de lado e/ou jogado à própria sorte. Aí, perguntamos: Que tipo de pessoas estes senhores da educação brasileira pretendem formar? Qual a responsabilidade que a universidade brasileira, sustentada com o dinheiro público, realmente tem para com as comunidades? Quais os reais compromissos têm nossos governantes para com a coisa pública?
Assim, enquanto perdurarem este tipo de raciocínio e esta forma de pensamento, com toda a certeza, o Brasil jamais aparecerá entre as primeiras 100 (cem) melhores universidades do mundo. Enquanto persistir esta lógica ilógica, o Brasil jamais formará seres humanos e cientistas capazes de pensar a sociedade, a ciência autêntica e os destinos da humanidade. Temos que parar de brincar de cientistas! Enfim, temos que parar de sermos capachos da sucata e do rejeito tecnológico das nações ditas de “Primeiro Mundo”.  Precisamos, urgentemente, sair de nosso casulo confortável para muitos e repensar nossa educação, norteados por um novo paradigma que seja capaz de atender as nossas próprias necessidades e anseios.


* Escritor. Geógrafo, Mestre e Doutor pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Pós-Doutorando pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).  Pesquisador e professor da Universidade de Uberaba (UNIUBE). machado04fonseca@gmail.com

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